Em termos históricos, o interesse pela influência da música no ser humano encontra reminiscências nas civilizações da antiguidade.
As lendas da mitologia grega enumeram episódios sobre o poder calmante e terapêutico da música: Homero refere que Aquiles foi encontrado na sua tenda tocando em uma magnífica lira e cantando a sua cólera (Alvin, 1991:58); Orfeu, aprendeu a arte com o próprio Apolo, deus da música e da medicina. Ao ouvi-lo cantar as feras seguiam-no, as árvores inclinavam-se em sua direcção e até os homens mais irascíveis se acalmavam (Ribeiro).
Contudo, a questão dos efeitos da música foi, também, alvo de preocupações. Tanto Platão como Aristóteles mostraram apreensão acerca dos efeitos de determinados tipos de harmonias, pelo que, se detiveram de forma pormenorizada, na análise do tipo de música – modos, ritmos e instrumentos – que poderiam ser permitidos numa civilização ideal (Mathiesen).
Este tipo de pensamento repercute-se ao longo da história e aparece, por exemplo, nos primórdios da era Cristã, quando São Clemente de Alexandria (160-220) e São Jerónimo (331-420) advertiram para que não se ensinasse música instrumental às crianças para não lhes perverter a alma (Freitas Branco, 1944:30). Já no final do século passado Kim Jong II (1912-1994), líder da Coreia do Norte, afirmava:
It is unthinkable that songs which the aristocrats of old days used while drinking could also suit the emotions of our youth who are building socialism (Howard).
Na actualidade, observam-se alguns movimentos de índole semelhante representados por pais, professores, médicos e religiosos, entre outros. O exemplo mais mediático é o que se tem desenvolvido nos E.U.A. onde “alguns pais e grupos de pais têm defendido uma censura sobre determinados géneros da música moderna” (Freemuse, 2004). Neste âmbito, o género musical que mais tem sido apontado é o heavy metal e os seus afins “new metal” (Lloyd, 2001): black, death, speed metal, entre outros, que nas últimas décadas, tem sido associado a padrões de personalidade e comportamentos anti-sociais (Christenson e Roberts, 2001). Neste contexto, a American Academy of Pediatrics alertou para a necessidade de se reforçar as investigações sobre o impacto da música rock no comportamento (Committee on Communication, 1989 apud Scheel, 1999:1), até porque, e de acordo com Strasburger (1999:111), “têm havido (…) uma intensa preocupação pública acerca de letras e vídeos violentos ou sexualmente sugestivos” (ibidem.).
Apesar de alguns alarmismos, como salientado pelo The Suicide Information & Education Collection (SIEC, 1999) em torno do fenómeno musical juvenil, não se poderá negligenciar o facto de determinados tipos de música terem estado associados a situações marginais, auto e hetero destrutivas e/ou de risco (Christenson e Roberts, 1999; Roe, 1999; Rentfrow e Gosling, 2003, entre outros), e de existir um acréscimo de letras e vídeos violentos e/ou sexualmente sugestivos (Strasburger: 1999:111). Um outro factor relevante, prende-se com o aumento dos valores do consumo musical dos jovens (Federal Trade Commission, 2000; Strasburger, 1999; Christenson & Roberts, 1998; Klein et al., 1993 e Roe, 1999).
As lendas da mitologia grega enumeram episódios sobre o poder calmante e terapêutico da música: Homero refere que Aquiles foi encontrado na sua tenda tocando em uma magnífica lira e cantando a sua cólera (Alvin, 1991:58); Orfeu, aprendeu a arte com o próprio Apolo, deus da música e da medicina. Ao ouvi-lo cantar as feras seguiam-no, as árvores inclinavam-se em sua direcção e até os homens mais irascíveis se acalmavam (Ribeiro).
Canta-se, também, que pela omnipotência da música [Empédocles] era capaz de apaziguar paixões (…) foi o que fez a jovem furioso, cantando versos da Odisseia. (Brun, 2002:83).O interesse terapêutico da música também foi notado por filósofos, religiosos e médicos. Ascelepiades (128-56 a.C.) empregava a música para acalmar a excitação dos alienados opondo-se a tratamentos violentos (Asclepiades Of Bithynia); os Pitagóricos e os Coribantes usavam-na para expulsar os agentes causadores da doença e restabelecer a harmonia entre corpo e alma (npp. Rocha Pereira, 2001: 15). Aristóteles:
… believed that an emotional state could be relieved by rousing the same sort of feeling through music (Aristotle); the passionate, enthusiastic modes, for example, could be used to calm active audiences (Lippman apud Gurgel, 2003:12-14).Em De Institutione musica Boécio (480-524) ocupa-se da influência da música sobre os estados violentos, referindo curas efectuadas por Pitágoras, a um alcoólico; Empédocles, a um louco e como, os pitagóricos, induziam o sono através de melodias doces (Potiron, 1961:38).
Contudo, a questão dos efeitos da música foi, também, alvo de preocupações. Tanto Platão como Aristóteles mostraram apreensão acerca dos efeitos de determinados tipos de harmonias, pelo que, se detiveram de forma pormenorizada, na análise do tipo de música – modos, ritmos e instrumentos – que poderiam ser permitidos numa civilização ideal (Mathiesen).
Este tipo de pensamento repercute-se ao longo da história e aparece, por exemplo, nos primórdios da era Cristã, quando São Clemente de Alexandria (160-220) e São Jerónimo (331-420) advertiram para que não se ensinasse música instrumental às crianças para não lhes perverter a alma (Freitas Branco, 1944:30). Já no final do século passado Kim Jong II (1912-1994), líder da Coreia do Norte, afirmava:
It is unthinkable that songs which the aristocrats of old days used while drinking could also suit the emotions of our youth who are building socialism (Howard).
Na actualidade, observam-se alguns movimentos de índole semelhante representados por pais, professores, médicos e religiosos, entre outros. O exemplo mais mediático é o que se tem desenvolvido nos E.U.A. onde “alguns pais e grupos de pais têm defendido uma censura sobre determinados géneros da música moderna” (Freemuse, 2004). Neste âmbito, o género musical que mais tem sido apontado é o heavy metal e os seus afins “new metal” (Lloyd, 2001): black, death, speed metal, entre outros, que nas últimas décadas, tem sido associado a padrões de personalidade e comportamentos anti-sociais (Christenson e Roberts, 2001). Neste contexto, a American Academy of Pediatrics alertou para a necessidade de se reforçar as investigações sobre o impacto da música rock no comportamento (Committee on Communication, 1989 apud Scheel, 1999:1), até porque, e de acordo com Strasburger (1999:111), “têm havido (…) uma intensa preocupação pública acerca de letras e vídeos violentos ou sexualmente sugestivos” (ibidem.).
Apesar de alguns alarmismos, como salientado pelo The Suicide Information & Education Collection (SIEC, 1999) em torno do fenómeno musical juvenil, não se poderá negligenciar o facto de determinados tipos de música terem estado associados a situações marginais, auto e hetero destrutivas e/ou de risco (Christenson e Roberts, 1999; Roe, 1999; Rentfrow e Gosling, 2003, entre outros), e de existir um acréscimo de letras e vídeos violentos e/ou sexualmente sugestivos (Strasburger: 1999:111). Um outro factor relevante, prende-se com o aumento dos valores do consumo musical dos jovens (Federal Trade Commission, 2000; Strasburger, 1999; Christenson & Roberts, 1998; Klein et al., 1993 e Roe, 1999).
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Nota: Este texto é um excerto da Tese de Mestrado A música como expressão e representação juvenil: entre o normal e o patológico (A. Margarida Azevedo), PORBASE
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